quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Vamos alterar a tradição de Natal!


Recebi este texto por mail, não sei de quem é a autoria,  por concordar com ele aqui está, tal e qual como o recebi.


"Com a aproximação do Natal, as fábricas do gigante asiático estiveram a trabalhar em alta velocidade para fornecer o MUNDO com pilhas monstruosas de bens produzidos bem barato - mercadoria que foi mais ou menos produzida à custa de trabalho ESCRAVO. Este ano será diferente. Este ano, os Portugueses vão demonstrar o dom da sua verdadeira solidariedade para outros os outros Portugueses. Não há mais aquela desculpa esfarrapada de que "nada interessante pode ser encontrado que seja produzido por mãos Portuguesas".


Sim, há!
É altura de PENSAR, de pôr os MIOLOS a funcionar. Quem precisa de MAIS um presente para meter numa gaveta, embrulhado em papel de embrulho chinês? Todo o homem - sim TODOS poderiam receber um BELO CORTE DE CABELO, numa barbearia ou CABELEIREIRO bem PORTUGUÊS!! Falem com os vossos cabeleireiros/barbeiros locais para passarem certificados de presente!! Gosta de GINÁSIO?! É apropriado para todas as idades que estão pensando em melhorar a saúde!!

Quem não gostaria de receber uma lavagem personalizada para o seu carro ficar num brinquinho? Pequenas lojas de lavagens de carro gostariam de vender-lhe um certificado de presente ou um livro de certificados de presente.

Você é um daqueles extravagantes DADORES DE PRENDAS que pensam que nada de melhor há do que uma TV de ecran plano feito na China? Talvez a sua GARAGEM LOCAL lhe gostasse de vender um PRESENTE como por exemplo um livro de senhas com qq coisa grátis? Ou a relva aparada para o verão, ou jogos no campo de golfe local?

Há um Milhão de proprietários de restaurantes que provavelmente vão achar BOA IDEIA passar certificados de presente oferta para refeições!! E, se você não é do género de comer fora todos os dias, que tal um café da manhã e meia dúzia de pequenos-almoços na pastelaria local? Reparem, pode-se criar uma cadeia Nacional de presentes locais, destinados a AJUDAR a ECONOMIA LOCAL, em vez de alimentarmos os GIGANTES que nos sufocam!

Quantas pessoas não poderiam usar uma mudança de óleo para o seu carro, ou moto, feita numa pequena oficina com trabalhadores portugueses?

Está a pensar num presente do coração para a mãe? Aposto que a Mãe AMARIA os serviços de uma empresa de limpesa local local para um dia, ou MAIS!!

O meu computador podia levar um upgrade, e eu sei que posso encontrar algum jovem que está a lutar para conseguir que o seu negócio de reparação e montagem de PC's funcione.

OK, você estava à procura de algo mais pessoal. Existem certamente muitos artesãos locais a tricotar os seus próprios lenços e cachecóis, bem como naprons... tudo com bela qualidade Portuguesa!! Fazem jóias, cerâmica e caixas de madeira bem bonitas.

Planeie passeios em família comendo em restaurantes locais, e aproveite para comprar algum bom artesanato para oferecer! E, que tal sair para ver um jogo ou um teatro na sua cidade? Ofereça bilhetes para um espectáculo da sua zona!

Músicos também precisam de amor, assim que encontrar um local que apresenta bandas locais.

Como podem ver, o Natal não precisa de ser uma drenagem dos bolsos dos Portugueses, para que a China possa construir outra cidade brilhante. O Natal passa a ser 'importar-nos com' Portugal e com os POSTOS DE TRABALHO DOS PORTUGUESES, encorajando as pequenas empresas Portuguesas para continuar a trabalhar para seguir os seus sonhos. E, quando nos preocupamos com outros Portugueses, estamos a preocupar-nos com as nossas comunidades, e os benefícios vão voltar para nós de maneira que não podemos ainda imaginar.

E já agora, se for possível, comprem no comércio tradicional da nossa terra.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Someone like you

Quando ao fim de dezoito anos de "namoro" o nosso homem (que é musico) nos diz :" esta é a musica que eu gostava de ter feito para ti", no minimo temos de ficar muito felizes e agradecer.






Alguém Como Você


Venho procurando há muito tempo

Por alguém exatamente como você

Tenho viajado ao redor do mundo

Esperando por você chegar

Alguém como você

Faz tudo valer a pena

Alguém como você

Me deixa satisfeita

Alguém exatamente como você


Eu tenho viajado por uma estrada difícil

Baby, procurando alguém exatamente como você

Eu estive carregando minha carga pesada

Esperando pela luz vir brilhando

Alguém como você

que faz tudo valer a pena

Alguém como você

que me satisfaz

Alguém exatamente como você


Eu tenho pesquisado...

para saber onde você está

Eu subi e desci estradas

Em todos os tipos de terras estrangeiras

Alguém como você

que faz tudo valer a pena

Alguem como você

Me deixa satisfeita

Alguém exatamente como você


Estive ao redor do mundo

Marchando na batida de um diferente tambor

Mas só há pouco percebi

Que o melhor ainda está por vir

Alguém como você

que faz tudo valer a pena

Alguem como você

Me deixa satisfeito

Alguém exatamente como você

Alguém exatamente como você

Alguém exatamente como você


O melhor ainda está por vir

Ohhhh o melhor ainda está por vir

Alguem exatamente como você

Van Morrison

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quem deve a quem??













Um cidadão alemão escreveu uma carta aberta aos gregos, publicada na revista Stern. Um grego, Georgios P. Psomas respondeu-lhe pondo os pontos em todos os iis.
Esta troca de correspondência já data de 2010. Georgios conta-nos aquilo que toda a imprensa europeia cala. Merece ser lida, sobretudo por todos aqueles que têm tratado os gregos como culpados de tudo, incluindo o pecado original. Por aqui se vê porque é que a Alemanha deixou que os países pobres da Europa se endividassem e ficou caladinha, a sua indústria e os seus bancos estavam a crescer à conta do nosso endividamento.


Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia
Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves
Caros gregos,
Desde 1981 pertencemos à mesma família.
Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.
Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos.
O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo
Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.
Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!!!
Walter Wuelleenweber



Resposta de Georgios Psomás
Caro Walter,
Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não "empregado público" como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.
O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.
A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes "comissões" aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.
Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de verdade, de prosperidade, da justiça e do correcto.
Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. Quer dizer mais de 50 anos desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.
Estas dívidas, que só a Alemanha até agora resiste a saldar com a Grécia (a Bulgária e a Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:
1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3. Os empréstimos em obrigações que contraíu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoações inteiras, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., etc.).
6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.
Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o.
Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as quais têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.
Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por aí vos vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?
Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes "compatriotas" da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que só jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.
E, finalmente, Walter, devemos "acertar" um outro ponto importante, já que vocês também são devedores da Grécia:
Exigimos que nos devolvam a civilização que nos roubaram !!!
Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
E exijo que seja agora!!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.
Cordialmente,
Georgios Psomás

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Silva das vacas




Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudavano trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."

Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.

Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas,
estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada
metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!

Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se osse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.

A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". epreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.


Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Este verão, queres ser sereia ou baleia?



Nesta época em que os meios de comunicação nos metem na cabeça a ideia de que apenas as magras são bonitas, prefiro desfrutar de um gelado com o meu filho e de um bom jantar com os meus amigos.



Dizem que uma mulher jovem, cujas características físicas não interessam, respondeu à pergunta publicitária nestes termos:

"Estimados Senhores:
As baleias estão sempre rodeadas de amigos (golfinhos, leões-marinhos, humanos curiosos). Têm uma vida sexual muito activa, engravidam e têm baleiazinhas ternurentas, às quais amamentam. Divertem-se à brava com os golfinhos, enchendo a barriga de camarões. Brincam e nadam, sulcando os mares, conhecendo lugares tão maravilhosos como a Patagónia, o mar de Barens ou os recifes de coral da Polinésia As baleias cantam muito bem e até gravam CD's. São impressionantes e praticamente não têm outros predadores além dos humanos. São queridas, defendidas e admiradas por quase toda a gente.
As sereias não existem. E, se existissem, fariam fila nas consultas dos psicanalistas, porque teriam um grave problema de personalidade, "mulher ou peixe?".Não têm vida sexual, porque matam os homens que delas se aproximam, além disso, por onde? Por isso, também não têm filhos. São bonitas, é verdade, mas solitárias e tristes.
Além disso, quem quereria aproximar-se de uma rapariga que cheira a peixe?



Com o tempo ganhamos peso, porque ao acumular tanta informação na cabeça, quando já não cabe, espalha-se pelo resto do corpo, por isso não estamos gordas, somos tremendamente cultas. A partir de hoje, quando vir o meu rabo no espelho, pensarei, Meu Deus, que inteligente que sou..."




Para mim está claro, quero ser baleia.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Renascimento...


Aproveito sempre o período da Páscoa para tirar umas férias, depois do Natal e antes do verão, sabe – me bem este interregno. Agora que tenho um filho, vem mesmo a calhar.
Este início de ano, foi-me especialmente difícil uma vez que me foi diagnosticado um melanoma maligno nas costas, mas descansem meus amigos, já cá não está.
No dia 4 de Fevereiro fui tirar um sinalzinho que me apareceu no final do verão passado, dei por ele porque me fazia comichão e decidi mostrar à minha médica de família, que em boa hora me encaminhou imediatamente para o Centro de dermatologia do Jardim Constantino. Aqui, no dia da cirurgia foi – me dito: “lamento mas é um melanoma”, no entanto temos que esperar o resultado da biopsia. Passadas 4 semanas, mais propriamente dia 3 de Março, lá fui eu saber o veredicto – Melanoma maligno in situ – quer isto dizer que sim, confirmava-se a afirmação da Sra. Doutora mas estava reduzido ao sinal e que este ao ser retirado levou a totalidade do bicho.
A médica que me operou, achou e bem que o melhor era fazer mais uma cirurgia, para termos a certeza de que nada ficava lá para se desenvolver. Marcámos então mais uma operação e mais 4 semanas de espera, no fim destas, veio o resultado negativo, no caso era positivo: Eu estava limpinha não havia nenhum vestígio de células cancerígenas.
E pronto fim de história. Esta é a parte física da minha história.
E a parte psicológica deste episódio não sei se algum dia vai acabar.
No dia em que a médica me disse que era um melanoma, foi como se me colocassem uma espada apontada à minha cabeça. Fazemos um percurso interior fantástico, quem sou eu? O que ando cá a fazer? Gosto de cá andar? Quero cá andar? Que injustiça, mas afinal isto não acontece só aos outros, porquê eu? Logo agora que tenho um filho.
E a pouco e pouco vamos respondendo a estas perguntas todas. Não, isto não acontece só aos outros, também nos acontece a nós. Gosto muito de cá andar e de mim também, se tinha dúvidas, fiquei a saber quando um sinalzinho minúsculo me incomodou e eu tratei de saber quem ele era, o que estava ali a fazer. E posso garantir-vos meus amigos que foi isso que me safou, foi o facto de me cuidar, de estar atenta aos “sinais do corpo” por isso não ignorem o vosso corpo, ele alerta-vos.
As vezes estas coisas acontecem-nos como um “abre-olhos” andamos distraídos com coisas fúteis, corremos atrás do que não é importante, e temos o que realmente importa mesmo ao nosso lado, a família e os amigos, isso sim é importante. Se este período me foi difícil, não imagino o que teria sido sem o apoio destas pessoas. Depois vem o relativizar das coisas: “O que é isso comparado com um cancro?” Pois é, afinal há questões que não merecem a nossa preocupação noite e dia, há que relativizar. Um amigo já me tinha ensinado uma expressão que eu tento utilizar, agora mais, claro, que é: “que importância é que isto tem daqui a dez anos?” Provavelmente nenhuma, então não te chateies com coisas supérfluas e sobretudo não chateies as pessoas de quem mais gostas com coisas que não tenhas a certeza que são importantes para a vossa vida.
Posto isto, aproveitei as férias para pensar quem eu queria ser daqui para a frente, que pode ser um ano, uma década, cinco décadas, quem sabe. O que eu sei é que a vida é demasiado importante e curta para ser desperdiçada com inutilidades e egoísmos.
Espero que este desabafo sirva para vos alertar de alguma forma para a vossa felicidade.
Estou a tentar ser feliz, a sério!!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Entrega de Prémios World Press Cartoon





Este é o convite para o Espectáculo de Entrega de Prémios do World Press Cartoon Sintra 2011.
Estão todos convidados para conhecer os vencedores deste ano.
Os cartoons que ilustraram os jornais no mundo inteiro em 2010, vão estar expostos até Junho, mas neste dia vocês têm a possibilidade de conhecer pessoalmente os vencedores, de comprar um catálogo e pedir aos autores /vencedores para autografar.
A festa de entrega de prémios é sempre recheada com muito humor e música. É uma noite muito bem passada, isso eu vos garanto.
Apareçam, tenho a certeza de que vão querer repetir.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A saúde mental dos portugueses



Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população.
No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas
perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes.
Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária.
Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever anti depressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico

Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no
Público, 2010-06-21

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

SER FELIZ OU TER RAZÃO?



Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão,independentemente, de tê-la ou não.

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais...
E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.
Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos
estragado a noite!

Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais frequência: quero ser feliz ou ter razão?
Eu já decidi... EU QUERO SER FELIZ e você?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A lenda da Boca do Inferno



Pergunto-me se não conheceremos todos, pelo menos de nome, a Boca do Inferno, ali a Cascais, e quase certa de me não enganar posso dizer que ninguém a desconhece. Quanto à lenda ligada aos seus rochedos e redemoinhos, creio que também me não engano se disser que essa nem todos a conhecemos.
A memória dos homens é curta e por isso não sei já há quanto tempo se passou esta história. O que interessa, realmente, é que se passou tudo há longo tempo.
Nesse tempo esquecido existia por ali um enorme castelo, paço habitado por um homem de aspecto feroz e satânico que, nas horas mortas da sua actividade, cultivava a arte da feitiçaria.
Um dia, esse homem decidiu casar-se, e para escolher a mais bela mulher das redondezas consultou a sua lâmina de cristal de rocha para identificar o local e a casa onde deveria mandar buscá-la. Quando viu a mulher que os seus cavaleiros trouxeram, ficou estupefacto Era inesperadamente mais bela do que imaginara ao vê-la sugerida na lâmina das adivinhações. Diz-se que lhe deu uma fúria de ciúmes e tratou de a esconder da cobiça alheia para preservar o seu amor,, mas penso que a escondeu do mundo para se proteger a si mesmo, que não a soubera cativar.
Encarcerou a mulher numa torre inexpugnável e solitária, e guardou-a como se guardam aquelas coisas que ao mesmo tempo se amam e detestam, ou temem. Escolheu-lhe para guardião o mais fiel dos seus cavaleiros, exactamente o homem que nunca a vira, para que mais cegamente a guardasse.
Frente ao mar o tempo passava, cronometrados os dias pelas marés, as semanas pela sucessão dos dias e das noites, os meses pelas luas. Tão só se sentia o guardião como a cativa do seu senhor. O horizonte de ambos era o mar eternamente sempre outro e o mesmo. A música que a ambos chegava era a dos seus pensamentos, a do marulhar revolto ou terno das ondas, o sibilo do vento por entre as rochas. Assim passava o tempo e não passava, porque o tempo para ser tempo tem de se referendar à vida, e ali não se passava nada que fosse vivo.
Até que, um dia, o ócio provocou no cavaleiro uma curiosidade inadiável. Insensivelmente, deu por si a pensar que mulher era aquela que merecia tão triste reclusão. Pouco depois, encontrou-se a desejar abrir a porta da torre para ver ao menos o rosto da mulher que guardava. Por fim, achou-se frente à porta de chave na mão.
Meteu-a na fechadura e rodou. A porta rangeu de ferrugem quando o cavaleiro se apoiou nela lentamente. E enquanto ia subindo a escada de caracol que levava à câmara da cativa, talvez mil pensamentos se lhe entrecruzassem silenciosamente no cérebro: o que iria encontrar? Seria bonita ou horrorosa? Se calhar era aleijada! Muda ou doente! E se estivesse morta? Não, na realidade enquanto subia as escadas não pensou nada. Estava apenas expectante e quem vive expectativas não se pergunta nada, ainda que na sua espera hajam inscritas todas as interrogações do mundo.
Frente à porta da câmara da sua cativa, o cavaleiro parou para acalmar o coração e tomar coragem. Quando conseguiu dominar a tremura das pernas e das mãos, empurrou a porta. O sol, que entrava por uma das ogivas da torre, bateu-lhe nos olhos e cegou-o por momentos. Pouco a pouco, retomou a visão e a névoa foi-se dissipando até o deixar frente à mulher que a sua expectativa não pudera imaginar.
Se mi voltada, a cativa da torre, tão espantada quanto o guardião, olhou-o interrogativa, esperando a palavra que não velo, acabando por perguntar:
- Quem és tu, cavaleiro? Porque vens perturbar-me a solidão?
E o homem, quando achou de novo a sua voz, respondeu finalmente:
-Sou o vosso guardião, senhora! – E baixinho, disse para si mesmo: «Agora o compreendo a ele... » -0 meu guardião! Guardião de quê? Desta solidão sem nome e sem razão? Vê, vê como se consomem os meus dias, sem prazer, sem ilusão!... Ao menos tu...
-Eu, senhora? Eu estou ali em baixo tão só como vós, e a guardar o quê, para quê?! Mas a partir de hoje talvez possamos partilhar as nossas horas perdidas neste ermo. Tudo o que quiserdes, senhora, ordenai! Levar-vos-ei onde pedirdes!...
Diz a lenda que assim nasceu um louco amor assente sobre a cumplicidade dos segredos e das solidões. Os dias nunca mais foram lentos, o tempo fugiu à desfilada e instalou-se eterno e instante.
Um dia olharam-se, cativa e guardião, e perguntaram-se o que faziam ali. Porque estou eu prisioneira? De que sou eu guardião? Acharam aquela torre unia masmorra absurda. Que guarda um guardião sem chave? Como se sentir prisioneiro de uma prisão aberta?
Partiram.
Esqueceram tudo e esqueceram também o castelão feiticeiro que tudo sabia. Numa noite de luar montaram ambos o cavalo branco do cavaleiro e cavalgaram a toda a brada sobre os rochedos fronteiras ao mar.
No paço, o feiticeiro, louco de ciúme e de raiva incontrolada, chamou a si os seus dons mágicos e, num repente, transformou a noite numa concentração de todas as tempestades e malefícios do mundo.
Sob as patas do cavalo abriram-se os rochedos negros de par em par, como se ali fosse uma das entradas do Inferno. Cavalo e cavaleiros despenharam-se no abismo redemoinhante e foram engolidos pela boca do mar.
Assim que os dois amantes solitários desapareceram no redemoinhar infernal, acalmou a tempestade e o mar voltou a ficar manso como se nunca tivesse estado diferente. O buraco nos rochedos, porém, nunca mais fechou, como se essa ferida da natureza quisesse perpetuar esta história. E talvez assim fosse, 'à que muitas vezes volta o vento e retorna a fúria do mar, tal como no dia em que morreram a cativa e o guardião da torre.
Por isto mesmo, e porque o povo da região nunca esqueceu a história, se chama àquele local de mistério Boca do Inferno.

in FRAZÃO, Fernanda, Lendas Portuguesas - Lendas do Ribatejo, Multilar,Lisboa,1988

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morreu o Mestre Malangatana

Há mais ou menos 1 ano e meio fiz este post dedicado ao mestre Malangatana, hoje venho repô-lo, para o homenagear mais uma vez,e desta feita no dia da sua partida deste mundo.





Pintor Malangatana vai receber Honoris Causa da Universidade de Évora.
Malangatana Valente Ngwenya, que já possui um título idêntico atribuído pela Universidade Politécnica de Maputo, afirmou que recebeu a notícia "com grande satisfação" e que ficou "muito contente".
Malangatana ,nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, a 6 de Junho de 1936, é um dos pintores moçambicanos mais conhecidos em todo o mundo.
Em 1997 foi nomeado pela UNESCO "Artista pela Paz
É poeta, dançarino, actor, cantor, instrumentista e animador sócio cultural

A Coruja
A coruja agoira-me
e diz-me que nunca chegarei
além onde o desejo me leva
e assim evapora-se o sonho;

O tambor foi tocado
na noite densa do feitiço
enquanto Kokwana* Muhlonga
apitava o Kulungwana* mortal;

Na noite sem estrelas
dois gatos pretos iluminaram a cabana da Kokwana Hehlise
que morreu depois dos gatos terem miado.

Eu lutando comigo só
é impossível vencer as ondas
que feiticeiramente me esboçam
as corujas, gatos e tambores.

Poema de Malangatana