sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Feliz Natal



Natal
Um anjo imaginado,
Um anjo diabético, atual,
Ergueu a mão e disse: — É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e ouro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breve como o vento
Que entra por uma fresta, quizilento,
Redemoinha e sai:

A volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternalmente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Até quando?... Parte VI



O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski.
Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há muito se tornou inútil…

- até quando?...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Até quando?... Parte V


Sócrates logo no dia da posse atacou os farmacêuticos.
Eu não disse nada porque não sou farmacêutico.
A seguir atacou os magistrados, também nada disse porque não sou magistrado.
Depois foi aos médicos e enfermeiros. Também nada disso é comigo.
A seguir congelou as carreiras dos funcionários públicos, quero lá saber eu nem sou manga de alpaca.
Maltratou os polícias, os militares, os professores... os padres também não escaparam.
Aumentou os impostos.
Aumentou a idade da reforma, a insegurança nas ruas, nas escola e até nas nossas casas.

Ah! Mas criou “as novas oportunidades”, “o divórcio”, a insegurança, o crime, a violência, os “canudos” facilmente obtidos, de férias e Domingos.

Hoje bateu à minha porta com a Lei da mobilidade e atirou-me para o desemprego. Já gritei e ninguém me ouve, até parece que a coisa só me afecta a mim.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Até quando?... Parte IV



Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os autocarros, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até à morte uma criança, que não era meu filho...

Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Até quando?... Parte III




Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
o meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram o meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e levaram-me;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller, 1933
- símbolo da resistência aos nazistas

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Até quando?... Parte II



Primeiro levaram os negros,
Mas não me importei com isso,
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas não me importei com isso,
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados,
Mas como tenho o meu emprego,
Também não me importei.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Até quando?... Parte I

Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Maiakovski



Poeta russo "suicidou-se" após a revolução de Lenine… escreveu, ainda no início do século XX

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Apenas por 15,00 €




Um homem chegou a casa tarde, vindo do trabalho, cansado e irritado, e encontrou o seu filho de 5 anos esperando por ele na porta de casa.

Pai, posso fazer-lhe uma pergunta?

O que é? Respondeu o homem.

Pai, quanto é que você ganha por hora?

Isso não é da tua conta. Porque é que estás a perguntar uma coisa dessas?
Respondeu o Pai em tom agressivo.

Eu só quero saber. Por favor, diga-me quanto é que o pai ganha numa hora?

"Se queres saber, eu ganho 15,00 € por hora."

Ah..." o menino respondeu, com a sua cabeça para baixo.

Pai, pode-me emprestar 7,50 €?

O pai ficou furioso, "Essa é a única razão pela qual me perguntaste isso? Pensas que é assim que podes conseguir algum dinheiro para comprar um brinquedo ou alguma outra coisa?
Vai para o teu quarto e deita-te. Pensa sobre o quanto estás a ser egoísta. Eu não trabalho duramente todos os dias para tais infantilidades.

O menino foi calado para o seu quarto e fechou a porta.

O Pai sentou-se e começou a ficar ainda mais nervoso sobre as questões do filho. Como ele ousa fazer tais perguntas só para conseguir algum dinheiro?

Após cerca de uma hora, o homem tinha-se acalmado e começou a pensar:
Talvez houvesse algo que o filho realmente precisava comprar com esses 7,50 € e ele realmente não pedia dinheiro com muita frequência. O homem foi para a porta do quarto do filho e abriu a porta.

Estás a dormir, meu filho? perguntou.

Não pai, estou acordado, respondeu o filho.

Eu estive a pensar, talvez eu tenha sido muito duro contigo há pouco, afirmou o Pai. "Tive um longo dia e acabei por descarregar sobre ti. Aqui estão os 7,50 € que me pediste. "

O menino levantou-se sorrindo. "Oh, pai obrigado, gritou.
Então, procurando por baixo do seu travesseiro, rebuscou alguns trocos amassados.

O Pai viu que o menino já tinha algum dinheiro, e começou a enfurecer-se novamente.

O menino lentamente contou o seu dinheiro, e em seguida olhou para o pai.

Por é que queres mais dinheiro se já tinhas algum? Gritou o pai.

Porque eu ainda não tinha o suficiente, mas agora já tenho, respondeu o menino.

" Pai, eu agora tenho 15,00 €. Posso comprar uma hora do teu tempo? Por favor, chega mais cedo amanhã a casa. Eu gostaria de jantar contigo."

O pai ficou destroçado. Colocou os seus braços em torno do filho, e pediu-lhe desculpa.

É apenas uma pequena lembrança a todos vocês que trabalham arduamente na vida. Não devemos deixar escorregar através dos nossos dedos o tempo sem ter passado algum desse tempo com aqueles que realmente são importantes para nós, os que estão perto do nosso coração. Não te esqueças de compartilhar esses 15,00 € do valor do teu tempo, com alguém que gostas/amas.

Se morrermos amanhã, a empresa para a qual trabalhamos, poderá facilmente substituir-nos numa questão de horas. Mas a família e amigos que deixamos para trás irão sentir essa perda para o resto da vida...



Pensem nisso uma vez que seja... Porque amanhã pode já ser tarde...


(autor desconhecido)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nobel da literatura de 2010 para Mario Vargas Llosa

2010-10-07
O peruano Mario Vargas Llosa foi o vencedor escolhido para o Nobel da Literatura deste ano. O porta-voz da Academia Sueca destacou a obra de Vargas Llosa "pela sua cartografia das estruturas do poder e as suas imagens mordazes da resistência, rebelião e derrota do indivíduo".







O poder da Vírgula



Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode fazer desaparecer o seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.


Detalhes Adicionais:
COLOQUE UMA VÍRGULA NA SEGUINTE FRASE:


SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.



* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

É Outono na vinha





Duração do Aroma

Não morrem no campo as flores.
Pacíficas continuam
arquiteturas de angústia
dissolvendo-se no chão
amoroso das searas.
Como nuvens distraídas
ficam no solto. Ali somente,
um sofrimento que vem,
uma esperança que vai
da boca dos camponeses
ao chão que abriga silêncio.
Não é pranto nem flor, É vinho.
De amarelo outono e lábios
pranto vinho e flores ficam
incrustados no alimento,

De sangue batendo aos pingos
na superfície das horas
vai seu perfume durando
nas colheitas. Sobrevive
no suor dos músculos tão
sofridos de cicatrizes,
como um hálito de cinza
prenhe de soluço verde.
Prossegue na dor, reunida
à ferrugem dos arados,
a melancolia de olhos,
de pele sacrificada
e ternura corrompida,
de arames e privações.

Que venha o vento brandindo
foices de lua no campo
e corte cercas corte o rio
e das chuvas no caminho
corte horizontes de linho.
Entre abelhas e madeiras,
no coração das florestas
corte as flores e o vizinho
aroma das madrugadas.
Corte pranto dos vaqueiros,
corte rastro dos cavalos
e de quem sofre sozinho
corte voz molhada e fria.
Que venha vento soprando
ferraduras de amargura,
decepe haste das flores
com o alfange da agonia.
Fria lâmina de sombra
inevitável traspasse
o dorso branco do dia.
E o que fica suado na terra
não é pranto nem flor. É vinho.

Sobrevivência do aroma
no lamento desses rostos,
dessas chuvas no caminho,
não morrem no campo as flores:
perduram constituídas
de soluços como o vinho.

Florisvaldo Mattos

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Escreve-Me ...



Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto daçucenas!

Escreve-me!Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase doração!

"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema damor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

Florbela Espanca

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Até já!



Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinícius de Moraes

terça-feira, 6 de julho de 2010

Deliciosa...

Desculpem mas não me apetece falar de politica, desporto, crise, tempo, vivo, etc...
Por isso trago-vos aqui uma história que não sei de quem é a autoria, mas acho-a deliciosa e transcrevo-a tal e qual a recebi.






Um cão velho e com olhar cansado estava andando pela rua e entrou no meu jardim. Eu pude ver, pela coleira e seu pêlo brilhante, que ele era bem alimentado e bem cuidado.
Ele andou calmamente até mim e agradei-lhe. Então ele me seguiu e entrou na minha casa. Passou pela sala, entrou no corredor, deitou-se num cantinho e dormiu.

Uma hora depois ele foi para a porta, e eu o deixei sair.

No dia seguinte ele voltou, fez "festinha" para mim no jardim, entrou em minha casa e novamente dormiu por uma hora no cantinho do corredor. Isso se repetiu por várias semanas.

Curioso, coloquei um bilhete na sua coleira: "Gostaria de saber quem é o dono deste lindo e amável cachorro, e perguntar se você sabe que ele vem até a minha casa todas as tardes para tirar uma soneca."
No dia seguinte ele chegou para sua habitual soneca, com um outro bilhete na coleira: "Ele mora numa casa com 6 crianças, 2 das quais têm menos de 3 anos - provavelmente ele está tentando descansar um pouco. Posso ir com ele amanhã???"

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Comissão Europeia autorizou plantação de OGMs - organismos geneticamente modificados




Caros amigos,

A Comissão Européia autorizou plantação de OGMs - organismos geneticamente modificados, colocando os lucros da indústria à frente da preocupação pública, pela primeira vez em 12 anos!

Cedendo ao lobby dos OGM, a Comissão ignorou 60% dos europeus que acreditam ser necessário ter mais informação antes de plantar comida que possa colocar em risco a nossa saúde e o meio ambiente.

Uma nova iniciativa permite que, através de 1 milhão de cidadãos da UE, seja apresentado um pedido legal à Comissão Europeia. Vamos juntar 1 milhão de vozes para banir os OGM até que a investigação seja finalizada; elas serão entregues ao Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Assine a petição e mande para seus amigos e familiares:

Consumidores, grupos de saúde pública, meio ambiente e agricultores estão a mobilizar-se contra a influência que algumas das companhias internacionais dos OGM têm sobre a agricultura europeia. Preocupações relacionadas com as plantações de OGM incluem: contaminação de plantações orgânicas e do meio ambiente; o impacto climático devido ao uso excessivo de pesticidas; a destruição da biodiversidade e agricultura local; e os efeitos dos alimentos dos OGM na saúde pública.
Estados-Membros da UE demonstraram sua forte oposição à decisão da semana passada que autorizou as batatas da BASF e o milho da Monsanto -- A Itália e a Áustria opõem-se, e a França diz que pediria mais pesquisas científicas.
Ainda não há consenso sobre os efeitos das plantações dos OGM a longo prazo, e é o loby dos OGM que está a financiar, com interesse em lucros e não no bem-estar da sociedade, investigações e regulamentações. É por esse motivo que os cidadãos europeus pedem, por precaução, pesquisas e testes independentes antes dessas começarem as plantações na nossa terra.

Agora, a "Iniciativa de Cidadãos Europeus" dá a oportunidade a 1 milhão de cidadãos da UE de submeter uma proposta de política pública à Comissão Europeia, e oferece-nos a oportunidade única de nos fazer ouvir mais do que os lobbystas.

Vamos atingir 1 milhão de assinaturas para exigir uma moratória no início de plantações de OGM na Europa, e iniciar um corpo científico independente e ético para conduzir uma investigação e estabelecer uma regulamentação forte. Assine a petição agora e encaminhe para outros:
http://www.avaaz.org/po/eu_health_and_biodiversity/?vl

terça-feira, 8 de junho de 2010

Aos amigos




Era uma vez um rapazinho que tinha um temperamento muito explosivo.

Um dia, o pai deu-lhe um saco cheio de pregos e uma tábua de madeira.

Disse-lhe que martelasse um prego na tábua cada vez que perdesse a paciência com alguém.


No primeiro dia o rapaz pregou 37 pregos na tábua. Já nos dias seguintes, enquanto ia aprendendo a controlar a ira, o número de pregos martelados por dia foram diminuindo gradualmente.


Ele foi descobrindo que dava menos trabalho controlar a ira do que ter que ir todos os dias pregar vários pregos na tábua...


Finalmente chegou o dia em que não perdeu a paciência uma vez que fosse.

Falou com o pai sobre seu sucesso e sobre como se sentia melhor por não explodir com os outros.

O pai sugeriu-lhe que retirasse todos os pregos da tábua e que lha trouxesse.


O rapaz trouxe então a tábua, já sem os pregos, e entregou-a ao pai. Este disse-lhe:


- Estás de parabéns, filho! Mas repara nos buracos que os pregos deixaram na
tábua. Nunca mais ela será como antes. Quando falas enquanto estas com raiva, as tuas palavras deixam marcas como essas. Podes enfiar uma faca em alguém e depois retira-la, mas não importa quantas vezes peças desculpas, a cicatriz ainda continuará lá. Uma agressão verbal é tão violenta como uma agressão física. Amigos são jóias raras, cada vez mais raras. Eles fazem-te sorrir e encorajam-te a alcançar o sucesso. Eles emprestam-te o ombro, compartilham os teus momentos de alegria, e têm sempre o coração aberto para ti.

Amigo, desculpa se já deixei alguma marca na tua tábua.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

1 de Junho - Dia Mundial da Criança




Pequenina
És pequenina e ris ... A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa ...
Haste de lírio frágil e mimosa!
Cofre de beijos feito sonho e neve!

Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te faz tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!

O ver o teu olhar faz bem à gente ...
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente ...

Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

terça-feira, 25 de maio de 2010

Como vai a politica em Portugal

Recebi esta brincadeira por mail, não sei quem é o autor. Mas gostei e por esse motivo, partilho.




ANTES DA POSSE
O nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar os nossos ideais
Mostraremos que é uma grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo da nossa acção.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
as nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos os nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.


DEPOIS DA POSSE

Basta ler o mesmo texto, DE BAIXO PARA CIMA

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Morreu cantor português Beto





O cantor português Beto, de 43 anos, morreu hoje, domingo, em Torres Vedras, vítima de um acidente vascular cerebral, disseram à Lusa fontes da editora Farol.
Nascido em Peniche em 1967, Beto fundou, em 1992, o grupo Tanimaria, que actuava habitualmente no bar Xafarix, em Lisboa.
O cantor chegou a representar Portugal no Festival da OTI em 1998, na Costa Rica, com o tema "Quem Espera (Desespera)", tendo alcançado o 3.º lugar.
Em 2000 foi convidado a gravar um disco com a cantora Rita Guerra, que deu origem ao álbum "Desencontros", apresentado por ambos em tournée por todo o país.
Só em 2003 lançou o seu primeiro álbum a solo - "Olhar em Frente" - que a Associação Fonográfica Portuguesa certificou com Disco de Prata, e que chegou a disco de platina, segundo o site da Rádio Romântica FM, que apoiou o álbum de compilação de temas do cantor.
As suas interpretações ficaram conhecidas através de músicas que gravou para algumas telenovelas, como "Nunca Digas Adeus" ou "Tudo por Amor".Em 2005 lançou o álbum "Influências", que, em seis meses, foi disco de platina com mais de 30 mil cópias vendidas.
Nos anos seguintes lançou "Porto de Abrigo" e "Por minha conta e risco". No ano passado, a Farol editou o seu disco "O Melhor de Beto".
JN de 24 de Maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Raul Sonado visto por Millôr


(Raul Solnado (à direita) conversando com José Alberto Braga (JAAB) jornalista,
e especialmente humorista, português - viveu anos no Brasil -
ao lado de António (com acento agudo no ó), o Chico Caruso de Portugal.)

Um dos maiores comediantes portugueses de todos os tempos - trabalhou também no Brasil -
Raul Solnado é actor de teatro, cinema e televisão, e empresário teatral.
Luar surgindo a leste no primeiro nome, sol no segundo, Raul tem vinte e quatro horas no onomástico. Nasceu num tempo em que tudo era ao vivo, mas, atento à tecnologia, fez-se logo carbono do ridículo, depois xerox do desprezível, afinal fax do presunçoso - e já tem para a holografia alguns truques humorísticos na manga. Lhe ensinaram que a vida é curta, por si mesmo percebeu que a vida é perto. E quando aprendeu que a vida é transmissível por via sexual, sentiu logo enorme sentimento de culpa. Mas, com descendência em dois continentes, só nesse sentido condena a incontinência. Feminista, finge de machão, na esperança de ser catequizado. Pra ele homem e mulher continuam a ser círculos concêntricos, no momento o mundo gay luta por círculos excêntricos. E aceita que o homem pode ser o lobo do homem mas é, definitivamente, o poodle-toy da mulher.

Generoso nato, nasceu mignon como solução para o problema demográfico - se todos fossem assim cabia mais gente no mundo. Mas lembra que, com o mesmo material, Deus poderia fazer um homem bem melhor, aqui assim, nos ombros. Nasceu em Lisboa mas, crítico, acha que ela já foi Lismelhor. Português desde sempre, aceita o fado, mas nem tanto o destino. E depois de tudo que aconteceu em Portugal no século XX, ficou tão antimilitarista que não topa nem conversas generalizadas. Prudente, quando entra em enrascada o primeiro que faz é perguntar onde fica a saída. Gosta de ser considerado impagável, mas nunca na bilheteira. Tem extraordinária expressão corporal, toda no espírito.
Decidido, quando vê uma bifurcação imediatamente segue os dois caminhos. Mas nunca foi sem voltar, daí o segredo de estar sempre. Menino prodígio, aproveitou essa dádiva e reservou uns dias de infância para os anos de hoje. Ri pouco, faz rir muito, fala envolto num crepom de malícia, e todo seu humor é anfiguri. Dentro de sua alma vibram jograis, saltam andarilhos, vivem polichinelos, cantam bufões, se escondem saltimbancos, bobos, truões, entremezistas, patuscos e pelotiqueiros, todos os palhaços do rei. De cuja sabedoria ele se apropriou pra ser o rei dos palhaços. Pois, pra ele, fazer rir é fácil - escapar com vida é que são elas. Acha que o teatro e televisão se incompletam e o teatro é melhor pois ninguém tem a coragem de desligá-lo no meio da piada. Acredita que o humor desarma o espírito mas não tanto que possa desarmar Saddam Hussein. Mas, depois de cem milhões de Homo Faber, dez milhões de Homo Sapiens, está certo de que, se o mundo não estourar nos ares, chegou enfim nossa hora, a hora do Homo Ludens.

Uma frase perdida: "A vida é sempre em volta." A pergunta metafísica: "Que fazer do homem que não gasta o destino?." Uma dúvida de fé: "Se Deus existe, porque nunca veio ver meu espetáculo?" Epitáfio proposto: "Agora já é tarde."

E aí está o Raul feito e medido. Do Solnado eu nem falo.
Publicado no UOL, 10 de Maio 2001

terça-feira, 11 de maio de 2010



Está tudo drogado ou é impressão minha?
Estes acontecimentos vêm mesmo a calhar ao senhor Sócrates.
1º o Benfica campeão, em ano de crise vem mesmo a calhar, pelo menos metade da população portuguesa vai ficar anestesiada com a vitória e esquecer-se que lhes estão a ir ao bolso.
2º A visita de sua santidade o Papa e quase uma semana de Portugal parado. Ó meus senhores então não estamos em crise? Isso não interessa nada, ter uns dias sem trabalho é que bom, até os que não são católicos estão caladinhos, a esquerda está com Sócrates.
Que palhaçada é esta nação!? E voltámos ao Fado, Futebol e Fátima!!
Já dizia o outro senhor (Marx) que a igreja é o ópio do povo e tinha razão.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PRÉMIOS WORLD PRESS CARTOON

CARICATURA
Grande Prémio - Gabriel Ippoliti - Argentina - PUTIN


2º Prémio - Vaclav Teichmann - Républica Checa - STEVEJOBS


3º Prémio - David Rowe - Autrália - KARZAI


EDITORIAL
1º Prémio - Angel Boligán - México - SIM NÓS PODEMOS


2º Prémio - Jarbas Domingos Lira Jr. - Brasil - DESTRUIÇÃO DE FLORESTAS


3º Prémio - Cau Gomez - Brasil - GOOGLE


HUMOR
1º Prémio - Hassan Karamizadeh - Irão - CONTROVÉRSIA


2º Prémio - Dalcio Machado - Brasil - GUERRA


3º Prémio - William Rosoanaivo - Madagáscar - PAI NATAL

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Exposições World Press Cartoon e Leal da Câmara - Retospsctiva



À semelhança dos anos anteriores dia 16 de Abril será a entrega dos prémios do World Press Cartoon e inauguração da respectiva exposição, que poderá ser vista até 4 de Julho no Centro Olga Cadaval.
Paralelamente, este ano, temos também da nossa responsabilidade a Exposição Leal da Câmara - Retrospectiva, no Sintra Museu de Arte Moderna Colecação Berardo, com entrada livre até 31 de Outubro.



UM HUMOR REPUBLICANO, LAICO E… COSMOPOLITA
Realizar esta retrospectiva de Leal da Câmara é prestar um tributo a um dos maiores vultos da caricatura portuguesa e é também reforçar e ampliar o esforço da Casa-Museu Leal da Câmara no sentido de preservar e fazer chegar a sua obra ao grande público.

Realizar esta mostra no ano em que se comemora o centenário da implantação da República Portuguesa é também homenagear um dos seus grandes militantes, autor de imensos combates travados contra a monarquia nas páginas de D. Quixote, Os Ridículos, A Marselheza e A Corja! que o forçaram ao exílio... rumo ao sucesso internacional.

No exílio, em Madrid, colaborou, entre outras publicações, com Revues des Revues, La Vida Literária, El Mundo Cómico e com La Revista Cómica y Taurina. Em Paris, publicou trabalhos em Le Rire, Gil Blas, La Caricature, Frou-Frou, Le Cri de Paris, Le Bon Vivant, L'Assiette au Beurre, Le Sourire, Le Canard Sauvage, La Marianne e Le Barbare entre muitos outros títulos.

Do exílio, enviou desenhos para O Diabo, O Século e a Revista Nova e, simultaneamente, colaborou com as publicações brasileiras A Imprensa, Brasil-Portugal e o Tico-Tico e as belgas Le Rire Belge e Le Diable.

Regressado a Portugal, em 1915, manteve colaborações com o Miau, Os Grotescos, ABC a Rir, Seara Nova, Sempre Fixe, Diário da Tarde e Risota.

Nesta exposição, utilizámos exclusivamente obras do acervo da Casa-Museu Leal da Câmara e o humor foi o seu elo de ligação, incluindo nas pinturas seleccionadas Aqui celebramos o caricaturista, que nos desculpem o pintor, o designer, o conferencista e o professor.
Talvez influenciado por uma frase que ouvi por aí, diria que o humor de Leal da Câmara é republicano, laico e... cosmopolita.

Para este digno sucessor de Rafael Bordalo Pinheiro :
"A caricatura moderna, digna desse nome, não pretende somente fazer rir - pretende também fazer pensar".

Dito isto, gostaria que esta exposição demonstrasse, como Leal da Câmara defendia, que "Não há arte séria e não existe arte cómica. Há somente uma Arte".
ANTÓNIO ANTUNES
Comissário da Exposição

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ai que prazer


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de março de 2010

Convite



Este é um post quase pessoal.
A foto que se vê em cima é a capa do CD do meu marido.
Tem como titulo "lado a lado vida fora" e é uma compilação de temas da sua autoria. Este trabalho vai ser apresentado ao publico no dia 31 de Março,no Edifício da SPA- Sociedade Portuguesa de Autores, pelas 18 horas, onde será servido um beberete aos convidados seguido de concerto.

A musica é da responsabilidade dos seguintes artistas:
A LM BENTO BAND: Augusto Macedo (Piano/hammond), Rui Rechena (Baixo Eléctrico), Henry Sousa (bateria), Pedro Kadete (percussão), Fausto Ferreira (piano/keybords), Luisa Silva (vozes).
MÚSICOS CONVIDADOS: Nuno Reis (trompete e flugel), Tó Bravo (trombone), Paulo Fragoso (trombone).

Para não perderem este evento aqui estão as coordenadas certinhas:
Evento: Concerto LM Bento Band
O quê: Apresentação de CD “LADO A LADO VIDA FORA”
Início: Quarta-feira, 31 de Março de 2010, às 18 Horas
Fim: Quarta-feira 31 de Março de 2010 às 20 horas
Onde: Auditório Maestro Frederico Freitas – Av. Duque de Loulé, nº 31 r/c Lisboa

Conto com a vossa presença.

segunda-feira, 1 de março de 2010

AS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO

Hoje têm quarenta e muitos anos, inclusive cinquenta e tal, e são belas, muito belas, porém também serenas, compreensivas, sensatas e sobretudo diabolicamente sedutoras, isto, apesar dos seus incipientes pés-de-galinha ou desta afectuosa celulite que capitoneia as suas coxas, mas que as fazem tão humanas, tão reais.
Formosamente reais. Quase todas, hoje, estão casadas ou divorciadas, ou divorciadas e casadas, com a intenção de não se equivocar no segundo intento, que às vezes é um modo de acercar-se do terceiro e do quarto intento. Que importa?
Outras, ainda que poucas, mantêm um pertinaz celibatarismo, protegendo-o como uma fortaleza sitiada que, de qualquer modo, de vez em quando abre as suas portas a algum visitante. Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!
Nascidas sob a era de Aquário, com influência da música dos Beatles, de Bob Dylan, de Lou Reed, do melhor cinema de Kubrick e do início do boom latino-americano, são seres excepcionais.
Herdeiras da revolução sexual da década de 60 e das correntes feministas, elas souberam combinar liberdade com coqueteria, emancipação com paixão, reivindicação com sedução.
Jamais viram no homem um inimigo, apesar de lhe cantarem algumas verdades, pois compreenderam que a sua emancipação era algo mais do que pôr o homem a lavar a louça ou a trocar o rolo do papel higiénico quando este tragicamente se acaba.
São maravilhosas e têm estilo, mesmo quando nos fazem sofrer, quando nos enganam ou nos deixam.
Usaram saias indianas aos 18 anos, enfeitaram-se com colares andinos, cobriram-se com suéteres de lã e perderam a sua parecença com Maria, a Virgem, numa noite de sexta-feira ou de sábado, depois de dançar El Raton com algum amigo que lhes falou de Kafka, de Neruda e do cinema de Bergman.
No fundo das suas mochilas traziam pacotes de rouge, livros de Simone de Beauvoir e fitas de Victor Jara, e, ao deixar-nos, quando não havia mais remédio senão deixar-nos, dedicavam-nos aquela canção, que é ao mesmo tempo um clássico do jornalismo e do despeito, que se chama "Teu amor é um jornal de ontem".
Falaram com paixão de política e quiseram mudar o mundo, beberam rum cubano e aprenderam de cor as canções de Sílvio Rodriguez e de Pablo Milanez, conhecerem os sítios arqueológicos, foram com seus namorados às praias, dormindo em barracas e deixando-se picar pelos mosquitos, porque adoravam a liberdade e, sobretudo, juraram amar-nos por toda a vida, algo que sem dúvida fizeram e que hoje continuam a fazer na sua formosa e sedutora madureza.
Souberam ser, apesar de sua beleza, rainhas bem educadas, pouco caprichosas ou egoístas. Deusas com sangue humano. O tipo de mulher que, quando lhe abrem a porta do carro para que suba, se inclina sobre o assento e, por sua vez, abre a do seu companheiro por dentro.
A que recebe um amigo que sofre às quatro da manhã, ainda que seja seu ex-noivo, porque são maravilhosas e têm estilo, ainda que nos façam sofrer, quando nos enganam, ou nos deixam, pois o seu sangue não é suficientemente gelado para não nos escutar nessa salvadora e última noite, na qual estão dispostas a servir-nos o oitavo uísque e a colocar, pela sexta vez, aquela melodia de Santana.
Por isso, para os que nascemos entre as décadas de 40 e 60, o dia da mulher é, na verdade, todos os dias do ano, cada um dos dias com suas noites e seus amanheceres, que são mais belos, como diz o bolero, quando está você.
Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

(Santiago Gambôa, escritor Colombiano)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Monólogo de uma mulher moderna:

"São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje.

Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc. Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar.

Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela?

Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.

Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de credito, a Internet!

Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia!

Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre "vamos conquistar o nosso espaço" Que espaço?! Que caraças!

Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés!!! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão???
Nosso espaço???!!! Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz.

Essa piada... , acabou por encher-nos de deveres.
E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!!!!

Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam-me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos?

A quem ocorreu tal ideia?

Vejam o tamanhão do bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem.

Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber água a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho.

E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!! Tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo!

E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!!!!

Que desastre!

Não seria muito melhor continuar a cozer numa cadeira?? Basta!!!
Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!

Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles??

Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama...Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh...
Quero um maridinho que chegue do trabalho, que se sente no sofá e me diga: Meu amor não me trazes um whisky por favor? ou: O que há para jantar?
Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atravancar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa.

Pensas que estou a ironizar ou a exagerar?

Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas, liberais.... e idiotas!

Estou a falar muito seriamente:

ABDICO DO MEU POSTO DE MULHER MODERNA !!!

E DIGO MAIS:

A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa!
Agora somos iguais a eles!
(autor desconhecido)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma fotografia...

Será o suicídio moral da humanidade ao esquecer a ética para passar à estética?
Que cada um tire as suas próprias conclusões. Desafio, sobretudo os meus amigos fotógrafos, a deixarem a sua opinião.
Veja aqui:

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A vida cheia de meias porções!

Hoje acordei assim, com vontade de atirar para o ar algumas regras e lembrei-me que alguém tinha escrito sobre isto, fui ao meu arquivo e aqui está. Agora digam lá se de vez em quando não vos apetece ser assim?


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçon colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso quotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai para jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de “fácil”).

Adora tomar um banho demorado, mas se contém para não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar.
E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em “acertar”, tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correcta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo “errado”.
Deixar de lado a régua,
o compasso,
a bússola,
a balança
e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí para o que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:
“Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora”...

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete,
bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados,
a água batendo sem pressa no corpo,
o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçon, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sofá para eu ver 10 episódios do 'Law and Order',
uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere,nú, embrulhado para presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que faz para consertar o estrago. . .

CRÔNICA DE DANUZA LEÃO

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tudo por um beijo



Eu não sei bem quem tu és
Sei que gosto dos teus pés
Do teu olhar atrevido

Tu baralhas-me a razão
Invades-me o coração
E eu ando um pouco perdido

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

Adivinha onde eu cheguei
Desde o tempo em que roubei a tua privacidade
Fiz de ti lírio quebrado
Fera de gesto acossado, vendi a tua ansiedade

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro do mundo

E agora que estamos sós, vamos ser apenas nós
Dar a volta ao argumento
Vamos fugir em segredo
Sumir por entre o enredo, soltar o cabelo ao vento

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que ter toda a fama do mundo

Troco tudo por um beijo
Mais vale morder um desejo
Que todo o dinheiro de mundo
Jorge Palma

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bom Ano!


Não consegui fazer um post de final de ano. Foi um ano doloroso para mim, perdi alguns amigos e com outros tive a maior das decepções.
Já aqui foi dito que para mim a amizade é das coisas que mais prezo, quando verdadeira.
No que diz respeito à política e ao futebol…palavras para quê?
Não vou fazer, portanto em início de ano aquilo que não fiz no final.
Quero começar este ano com a esperança, na amizade, que sempre tenho tido, quero homenagear ainda que silenciosamente os amigos que partiram.
E dizer-vos, a todos, que parecendo uma senhora lamechas, sou muito feliz, amo intensamente a minha família e os meus amigos, e acredito que este novo ano só pode melhorar.
Estou de braços abertos e com aquele sorriso que vocês conhecem a dizer que, com vocês por perto, venha 2010.