quarta-feira, 27 de abril de 2011

Renascimento...


Aproveito sempre o período da Páscoa para tirar umas férias, depois do Natal e antes do verão, sabe – me bem este interregno. Agora que tenho um filho, vem mesmo a calhar.
Este início de ano, foi-me especialmente difícil uma vez que me foi diagnosticado um melanoma maligno nas costas, mas descansem meus amigos, já cá não está.
No dia 4 de Fevereiro fui tirar um sinalzinho que me apareceu no final do verão passado, dei por ele porque me fazia comichão e decidi mostrar à minha médica de família, que em boa hora me encaminhou imediatamente para o Centro de dermatologia do Jardim Constantino. Aqui, no dia da cirurgia foi – me dito: “lamento mas é um melanoma”, no entanto temos que esperar o resultado da biopsia. Passadas 4 semanas, mais propriamente dia 3 de Março, lá fui eu saber o veredicto – Melanoma maligno in situ – quer isto dizer que sim, confirmava-se a afirmação da Sra. Doutora mas estava reduzido ao sinal e que este ao ser retirado levou a totalidade do bicho.
A médica que me operou, achou e bem que o melhor era fazer mais uma cirurgia, para termos a certeza de que nada ficava lá para se desenvolver. Marcámos então mais uma operação e mais 4 semanas de espera, no fim destas, veio o resultado negativo, no caso era positivo: Eu estava limpinha não havia nenhum vestígio de células cancerígenas.
E pronto fim de história. Esta é a parte física da minha história.
E a parte psicológica deste episódio não sei se algum dia vai acabar.
No dia em que a médica me disse que era um melanoma, foi como se me colocassem uma espada apontada à minha cabeça. Fazemos um percurso interior fantástico, quem sou eu? O que ando cá a fazer? Gosto de cá andar? Quero cá andar? Que injustiça, mas afinal isto não acontece só aos outros, porquê eu? Logo agora que tenho um filho.
E a pouco e pouco vamos respondendo a estas perguntas todas. Não, isto não acontece só aos outros, também nos acontece a nós. Gosto muito de cá andar e de mim também, se tinha dúvidas, fiquei a saber quando um sinalzinho minúsculo me incomodou e eu tratei de saber quem ele era, o que estava ali a fazer. E posso garantir-vos meus amigos que foi isso que me safou, foi o facto de me cuidar, de estar atenta aos “sinais do corpo” por isso não ignorem o vosso corpo, ele alerta-vos.
As vezes estas coisas acontecem-nos como um “abre-olhos” andamos distraídos com coisas fúteis, corremos atrás do que não é importante, e temos o que realmente importa mesmo ao nosso lado, a família e os amigos, isso sim é importante. Se este período me foi difícil, não imagino o que teria sido sem o apoio destas pessoas. Depois vem o relativizar das coisas: “O que é isso comparado com um cancro?” Pois é, afinal há questões que não merecem a nossa preocupação noite e dia, há que relativizar. Um amigo já me tinha ensinado uma expressão que eu tento utilizar, agora mais, claro, que é: “que importância é que isto tem daqui a dez anos?” Provavelmente nenhuma, então não te chateies com coisas supérfluas e sobretudo não chateies as pessoas de quem mais gostas com coisas que não tenhas a certeza que são importantes para a vossa vida.
Posto isto, aproveitei as férias para pensar quem eu queria ser daqui para a frente, que pode ser um ano, uma década, cinco décadas, quem sabe. O que eu sei é que a vida é demasiado importante e curta para ser desperdiçada com inutilidades e egoísmos.
Espero que este desabafo sirva para vos alertar de alguma forma para a vossa felicidade.
Estou a tentar ser feliz, a sério!!

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