Este texto refere-se ao concerto de Sting no EDP CooljazzFest'12 em Oeiras, dia 29 de Junho, um dos melhores concertos que tive oportunidade de assistir. E porque é muito fiel ao que eu senti e vi aqui vos deixo.
"25 anos de carreira a solo, num total de quase quatro
décadas dedicadas à música, Sting já atingiu um patamar de excelência
que quase dispensa apresentações mais pormenorizadas. O cantor abriu a edição
deste ano do Cool Jazz Fest naquela que terá sido uma das noites que melhor
ilustra todo o conceito deste festival de Verão: foi uma noite amena onde se
ouviram boas incursões pelo jazz num excelente exemplo do que é um festival
diferente.
A chamada de Sting a palco faz-se como seria de esperar de
uma figura zen como só ele. Ouve-se uma melodia suave, muito suave... que quase
adormecia não fosse enorme a expectativa de ver Sting em palco, acompanhado de
cinco músicos que, para o público português, ainda eram uma surpresa ao início
da noite mas que já o acompanham na sua digressão Back to Bass desde o final do
ano passado.Hoje, no Estádio Municipal de Oeiras, nenhum internacional famoso falharia golos, tão reduzida era a distância entre a última fila de pessoas e a baliza. Com um cenário reduzido, o sexagenário artista agarrou os 10 mil fãs portugueses, de todas as idades e ambos os géneros, desde o primeiro acorde de 'All This Time', a que se seguiram 'Every Little Thing She Does Is Magic' e 'Englishman In New York', de 1987. Convém esclarecer que neste espectáculo não há margem para temas novos ou grandes experimentações musicais. A fórmula é fácil de entender: só Sting e o seu baixo - o instrumento que tocava nos Police - no seu melhor. Até o som, talvez ajudado pela ausência de vento ou pelos 40 mil watts de potência, estava no ponto certo para termos uma boa noite de música.
Falar português, já se sabe, garante subir mais uns degrauzinhos na admiração do público e Sting, embora não de forma exaustiva, cumprimentou os presentes, apresentou a banda e ainda perguntou se tínhamos frio. Não, nada de frio, portanto, os braços ergueram-se para aplaudir e acompanhar Sting num dueto de um para dez mil em 'Heavy Cloud No Rain' onde o concerto começou a assumir sonoridades mais jazzy. A "escola" Police fez-se notar logo na canção seguinte, 'Driven To Tears', mais a puxar pelo rock e na qual é de salientar o talento, a entrega, a quase loucura do violinista Peter Tickell que volta a responder à chamada em 'Shape of My Heart' e 'Love Is Stronger Than Justice', dando uma utilização nada típica de um instrumento tão frágil e delicado, quase a tocar riffs da guitarra mais frenética.
Todo este regresso aos temas gloriosos de String não trouxe,
no entanto, nenhuma nostalgia bafienta. Antes pelo contrário. Tudo foi
apresentado em arranjos musicais modernos, voltados para um futuro que Sting
vai continuar a levar, certamente, com a estrela da qualidade. Talvez soubesse
bem, no entanto, que se tivesse "passado" uma ou outra vez, como
afinal toda a gente já fez a ouvir as músicas dele.
Será injusto dizer que o senhor Sumner guardou as melhores
para o fim porque, afinal, grandes êxitos foi o que se ouviu nas duas horas de
concerto. A fechar ficaram
momentos intimistas como 'Desert Rose', 'King of Pain', 'Roxanne' e 'Every
Breath You Take'.
Praticante de yoga e sexo tântrico, defensor das nobres
causas ambientais e balança metódica de yin e yang, Sting acabou a noite a doar
toda a alimentação que não foi consumida nos bastidores a uma instituição de
solidariedade social. Assim, é impossível evitar que, mesmo não sendo novidade
para os portugueses, mr.Sting esgote os espaços por onde decidir continuar a
visitar-nos."
Texto de Daniela Azevedo, foto
de Vanessa Krithinas in Rádio Comercial
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