terça-feira, 9 de março de 2010

Convite



Este é um post quase pessoal.
A foto que se vê em cima é a capa do CD do meu marido.
Tem como titulo "lado a lado vida fora" e é uma compilação de temas da sua autoria. Este trabalho vai ser apresentado ao publico no dia 31 de Março,no Edifício da SPA- Sociedade Portuguesa de Autores, pelas 18 horas, onde será servido um beberete aos convidados seguido de concerto.

A musica é da responsabilidade dos seguintes artistas:
A LM BENTO BAND: Augusto Macedo (Piano/hammond), Rui Rechena (Baixo Eléctrico), Henry Sousa (bateria), Pedro Kadete (percussão), Fausto Ferreira (piano/keybords), Luisa Silva (vozes).
MÚSICOS CONVIDADOS: Nuno Reis (trompete e flugel), Tó Bravo (trombone), Paulo Fragoso (trombone).

Para não perderem este evento aqui estão as coordenadas certinhas:
Evento: Concerto LM Bento Band
O quê: Apresentação de CD “LADO A LADO VIDA FORA”
Início: Quarta-feira, 31 de Março de 2010, às 18 Horas
Fim: Quarta-feira 31 de Março de 2010 às 20 horas
Onde: Auditório Maestro Frederico Freitas – Av. Duque de Loulé, nº 31 r/c Lisboa

Conto com a vossa presença.

segunda-feira, 1 de março de 2010

AS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO

Hoje têm quarenta e muitos anos, inclusive cinquenta e tal, e são belas, muito belas, porém também serenas, compreensivas, sensatas e sobretudo diabolicamente sedutoras, isto, apesar dos seus incipientes pés-de-galinha ou desta afectuosa celulite que capitoneia as suas coxas, mas que as fazem tão humanas, tão reais.
Formosamente reais. Quase todas, hoje, estão casadas ou divorciadas, ou divorciadas e casadas, com a intenção de não se equivocar no segundo intento, que às vezes é um modo de acercar-se do terceiro e do quarto intento. Que importa?
Outras, ainda que poucas, mantêm um pertinaz celibatarismo, protegendo-o como uma fortaleza sitiada que, de qualquer modo, de vez em quando abre as suas portas a algum visitante. Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!
Nascidas sob a era de Aquário, com influência da música dos Beatles, de Bob Dylan, de Lou Reed, do melhor cinema de Kubrick e do início do boom latino-americano, são seres excepcionais.
Herdeiras da revolução sexual da década de 60 e das correntes feministas, elas souberam combinar liberdade com coqueteria, emancipação com paixão, reivindicação com sedução.
Jamais viram no homem um inimigo, apesar de lhe cantarem algumas verdades, pois compreenderam que a sua emancipação era algo mais do que pôr o homem a lavar a louça ou a trocar o rolo do papel higiénico quando este tragicamente se acaba.
São maravilhosas e têm estilo, mesmo quando nos fazem sofrer, quando nos enganam ou nos deixam.
Usaram saias indianas aos 18 anos, enfeitaram-se com colares andinos, cobriram-se com suéteres de lã e perderam a sua parecença com Maria, a Virgem, numa noite de sexta-feira ou de sábado, depois de dançar El Raton com algum amigo que lhes falou de Kafka, de Neruda e do cinema de Bergman.
No fundo das suas mochilas traziam pacotes de rouge, livros de Simone de Beauvoir e fitas de Victor Jara, e, ao deixar-nos, quando não havia mais remédio senão deixar-nos, dedicavam-nos aquela canção, que é ao mesmo tempo um clássico do jornalismo e do despeito, que se chama "Teu amor é um jornal de ontem".
Falaram com paixão de política e quiseram mudar o mundo, beberam rum cubano e aprenderam de cor as canções de Sílvio Rodriguez e de Pablo Milanez, conhecerem os sítios arqueológicos, foram com seus namorados às praias, dormindo em barracas e deixando-se picar pelos mosquitos, porque adoravam a liberdade e, sobretudo, juraram amar-nos por toda a vida, algo que sem dúvida fizeram e que hoje continuam a fazer na sua formosa e sedutora madureza.
Souberam ser, apesar de sua beleza, rainhas bem educadas, pouco caprichosas ou egoístas. Deusas com sangue humano. O tipo de mulher que, quando lhe abrem a porta do carro para que suba, se inclina sobre o assento e, por sua vez, abre a do seu companheiro por dentro.
A que recebe um amigo que sofre às quatro da manhã, ainda que seja seu ex-noivo, porque são maravilhosas e têm estilo, ainda que nos façam sofrer, quando nos enganam, ou nos deixam, pois o seu sangue não é suficientemente gelado para não nos escutar nessa salvadora e última noite, na qual estão dispostas a servir-nos o oitavo uísque e a colocar, pela sexta vez, aquela melodia de Santana.
Por isso, para os que nascemos entre as décadas de 40 e 60, o dia da mulher é, na verdade, todos os dias do ano, cada um dos dias com suas noites e seus amanheceres, que são mais belos, como diz o bolero, quando está você.
Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

(Santiago Gambôa, escritor Colombiano)